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14 de maio de 2007

Canastra n'A Obra

Síndrome de Reynaud. Uma coisa chata que faz com que as veias das extremidades do seu corpo (mãos e pés, para ser mais claro) se contraiam em tempos de frio, diminuindo o volume de sangue na área. O fenômeno atrapalha os movimentos nestas regiões e pode ser extremamente incômodo.

Canastra na Obra >> 10-05-07Eu poderia ter aproveitado os 16 graus da noite de Belo Horizonte na última quinta-feira e ter ficado em casa, evitando essa síndrome que lembra nome de marca de carro. E poderia também ter perdido aquele que acabou sendo o melhor show que já vi nestes meus três anos como frequentador d'A Obra (antes eu sequer podia entrar, blééé!).

Logo de cara o visual dos integrantes da Canastra dá uma boa dica do que esperar do som: topetões, camisas floridas, contrabaixo acústico e instrumentos de sopro significam uma mais do que bem-vinda mistura de rockabilly, bluegrass, dixieland, country, punk, jovem guarda e surf music (ufa! pensei que não acabaria....).

Após lançarem seu debut álbum em 2004 (Traz A Pessoa Amada em Três Dias) pela Monstro Discos, a banda lança agora Chega de Falsas Promessas, quem vem encartado na edição deste mês da revista OutraCoisa.
Como vencedores do festival Oi Tem Peixe na Rede a banda teria seu álbum lançado pela major Sony Music, que, mais uma vez provando a mentalidade débil dos dirigentes de gravadoras, bancou a gravação do CD mas desistiu de seu lançamento, deixando a missão para outro selo/gravadora.
E é justamente o show de lançamento deste álbum em Belo Horizonte, dois dias após seu lançamento oficial no Rio de Janeiro, o objeto deste texto.


Canastra na Obra >> 10-05-07No palco, a Canastra parece uma banda punk de Nova Orleans; uma big band de malandros; aquela bandinha que toca em O Máskara, só que depois de cheirar um pó bacana. Com ótimas canções e energia de sobra, a banda foge da mesmice da rockabilly agregando os já citados diversos gêneros ao sem som.

É difícil lembrar os nomes das músicas sendo que você dançou a maior parte do show. Acrescente a isso o fato de você ter bebido uma quantidade razoável, sendo que tudo que você havia comido nas últimas 4 horas era meio pacote de Ruffles sabor salsa. Eu escrevi "salsa!". E, por último, mas não menos importante: quando a música realmente me pega de jeito ao vivo, costumo "assistir" à grande parte do show de olhos fechados. Pronto, contei! "Virei motivo de chacota" para o Allan Sieber, eu sei.

E antes que eu me estenda pela madrugada escrevendo este texto, creio que a situação hipotética que criarei será como uma luz da salvação transmitida pela Record durante a madrugada e fará com que seu cérebro projete uma imagem próxima da realidade do que é a Canastra. Vamos a ela:

Canastra na Obra >> 10-05-07Alguns anos atrás a Globo tinha uma novela das seis tosca chamada "O Cravo e a Rosa". Eu posso ser imbecil e tapado, mas não assisto novela. Só me lembro de que ela existiu porque havia uma propaganda sua na parte traseira do ônibus que foi seqüestrado naquele ano, por aquele malaco pirado que acabou tema do documentário Ônibus 174. Então, você deve ter visto ao menos algum pedaço da novela, talvez enquanto esperava mamãe preparar a bóia e tal. Sabendo de sua estética, vamos ao ponto final: em uma realidade alternativa, onde as novelas fossem coisas legais, a trilha sonora de "O Cravo e a Rosa" seria feita pela Canastra!

Ainda não entendeu? Você é burro ou simplesmente assistiu muito Big Brother? Já sei: seus pais são irmãos! (Ps: nada contra incesto, só o produto final é que costuma ser meio chulé. Mas o importante é o amor. :) Abre-se outro parênteses: Meu Deus [emquenãoacredito]!!! Eu usei um smile no meu texto!! Bléééé! Fecha-se o parênteses imaginário e o verdadeiro também.

(Estou assoviando e olhando para o alto, fingindo de égua que não escrevi as coisas acima. Continuo abaixo na maior cara de pau a partir daquele ponto imaginário bacana em que eu havia, teoricamente, parado).

Canastra na Obra >> 10-05-07... e é mais ou menos assim. Nas músicas em que os instrumentos de sopro não participam, seus respectivos titulares aproveitaram para tomar uma pinga (ou conhaque?) e jogar baralho. E antes que você diga "fóda", mais uma informação: eles ainda tocaram uma cover de Dead Kennedys, "Viva Las Vegas", e até "Besame Mucho", hino farofa gravado por Deus e o mundo e que seus pais devem adorar. Sim, chegou o momento. Diga "fóda!".

Links:
MySpace
Site Oficial
Entrevista
Fotos do show

Créditos das fotos: Marcelo Santiago e Juliana Semedo

[Milésimo Ps.: por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, deixe seu mouse sobre o nome da música "Besame Mucho" no parágrafo acima e assista ao vídeo. "Ele pode mudar vidas" ou, ao menos, sendo mais realista, fará você se sentir um pouco mais feliz e menos ridículo. Eu, particularmente, admito que quase mijo nas calças na hora em que ele aponta para a mina da harpa. O diretor desse vídeo é um gênio! Não sei como ninguém chamou o Ray para interpretar um ditador megalomaníaco em um filme. E para os indie-cool: o Beck aparece no vídeo, é sério. Fique atento quando chegar aos 2 minutos e 8 segundos, no canto inferior esquerdo. Clássico.]

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